Governador da Califórnia estaria favorecendo Activision Blizzard em processo – Canaltech

O governador do Estado da Califórnia, nos Estados Unidos, Gavin Newsom, estaria interferindo no processo movido pela DFEH (Departamento de Emprego e Habitação Justos da Califórnia, em tradução livre) contra a Activision Blizzard em julho de 2021. A empresa, responsável por jogos como Call of Duty, Overwatch e World of Warcfraft, é acusada de assédio sexual, remuneração desigual entre homens e mulheres e retaliações constantes contra funcionários.

Segundo uma reportagem publicada pela Bloomberg, o governador teria demitido “abruptamente” a conselheira-chefe do DFEH, Janette Wipper, para tentar favorecer a Activision Blizzard. A advogada-chefe adjunta do departamento, Melanie Proctor, renunciou ao cargo em protesto.

O governador do Estado da Califórnia, Gavin Newsom (Foto: Divulgação/Governo do Estado da Califórnia)

Proctor teria enviado um e-mail à equipe afirmando que o governador exigia ser informado sobre a estratégia da acusação. Essas informações seriam repassadas à Activision Blizzard, para facilitar a defesa.

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“O Gabinete do Governador exigiu, repetidamente, o aviso prévio da estratégia de litígio e dos próximos passos no litígio. À medida que continuávamos a ganhar no Tribunal Estadual, essa interferência aumentava, replicando os interesses do advogado da Activision. […] A justiça deve ser administrada igualmente, não favorecendo aqueles com influência política”.

Com a saída dos dois principais nomes do processo contra a Activision Blizzard, o futuro — e a força — da ação é incerto. Em comunicado à imprensa, Proctor, por meio do porta-voz Alexis Ronickher, afirmou que ainda tem planos para acompanhar o processo. Ela afirma que está avaliando “todas as vias de recursos legais, incluindo uma reclamação sob a Lei de Proteção de Denunciantes da Califórnia”.

Procurados pela imprensa norte-americana, o DFEH afirmou que não comenta “assuntos de cunho pessoal”. O governo da Califórnia também não se manifestou.

DFEH tentou impedir acordo de US$ 18 milhões

Fundo de US$ 18 milhões seria incompatível com seu valor de mercado (Foto: Divulgação/Activision Blizzard)

Ainda segundo a matéria, o DFEH tentou impedir o acordo entre a Activision Blizzard e a EEOC (Comissão de Oportunidades Iguais de Emprego, em tradução livre), aprovado em março, para a criação de um fundo de US$ 18 milhões às vítimas de abusos. Segundo o DFEH, esse acordo poderia facilitar o estúdio a destruir provas, ou até mesmo livrá-lo de todas as acusações.

O valor de US$ 18 milhões foi criticado pelo DFEH. Na visão do departamento, a quantia é baixa em comparação ao valor de mercado da companhia, comprada pela Microsoft pela bagatela de US$ 68,7 bilhões, o maior valor já pago a uma empresa de games. O valor também não é compatível com o de acordos similares feitos por outras empresas: a Riot Games, dona de VALORANT e League of Legends, terá de pagar US$ 100 milhões pelas mesmas acusações — um valor cinco vezes maior.

A advogada Lisa Bloom, que processou a empresa recentemente pelo “sexismo desenfreado” no ambiente de trabalho, com “700 casos” relatados sob a presidência de Bobby Kotick, também criticou o valor do acordo em dezembro de 2021. “Dado que existem centenas de vítimas, acredito que todos podemos concordar que o número de US$ 18 milhões é lamentavelmente inadequado”, disse.

Fonte: Bloomberg, The Verge

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