
Existem jogos que são capazes de revolucionar a nossa concepção sobre a forma como interagimos com o entretenimento, e certamente Rocket League foi um desses marcos. Jogo este jogo há muito tempo, o que me proporcionou a oportunidade de estudar como um gênero novo de jogos pode engajar jogadores até então nichados ou não considerados como o público-alvo.
Não gosto muito de carros, e também não gosto muito de futebol, mas nessa combinação encontrei uma fonte prazerosa de diversão e risadas com os amigos. O que um jogo precisa para alcançar esse nível? Bom, vamos a alguns princípios.
Rocket League sempre teve duas propostas: a mecânica e a competitiva. A mecânica apresenta uma mesa de regras, onde diversos carros tentam chutar uma bola ao gol adversário com o auxílio de foguetes que, por sua vez, consomem combustível disponibilizado periodicamente nos cantos do campo. Os jogadores podem explodir seus adversários ou driblá-los com o auxílio de manobras.
O fator “corrida” e “futebol” são reimaginados para proporcionar ao jogador iniciante a sensação de que ele já conhece aquele jogo (pois nós sempre tendemos a gostar daquilo que nos é conhecido), ao mesmo tempo em que inova em mecânicas que buscam dinamizar ainda mais o jogo.
O fator competitivo surge da necessidade em aprimorar essas mecânicas básicas e cooperar conjuntamente para ter o máximo de pontos dentro do jogo. Além disso, é um jogo sem papeis definidos e que pode ser jogado de modo independente, ou seja, não há papeis definidos e que deverão ser mantidos ao longo de um costumeiro jogo de futebol, o que incentiva o jogador a sempre tentar novos estilos e não o inferioriza ou desestimula nesse sentido, muito pelo contrário.
A acessibilidade também é um fator decisivo, visto que muitas das vezes o jogo oferece apenas o essencial, que ajuda a engajar jogadores, se feito de modo cativante. O carisma de Rocket League está justamente em suprir essas necessidades intrínsecas ao mesmo que oferece algo dinâmico e constantemente recompensador, visto que tudo que ajuda o time ao longo da partida é recompensado pelo jogo através de pontos e experiência, que podem ser usados para completar desafios e concorrer a itens especiais.
É notável reparar também na boa direção monetária do jogo, que não é predatório mas tampouco é desestimulante. Um mercado de trocas de itens permite com que todos os elementos recebidos por jogadores possam ser trocados entre os jogadores, gerando um comércio engajado que sustenta a base de monetização do jogo, algo que muitos jogos tentaram fazer mas não conseguiram.
Sobretudo, a equipe independente por trás do desenvolvimento do jogo revela que, mesmo que os investimentos não sejam astronômicos e o orçamento não confortável, com a equipe certa, com desenvolvedores apaixonados e uma boa coordenação de ideias, além de um plano claro de execução, qualquer time pode alcançar bons resultados no mercado, assim como qualquer time de jogadores pode alcançar altas pontuações no jogo.
Relacionado