O Lisboa Games Week finalmente voltou em formato físico. Este ano, o evento de videojogos ocorreu entre 17 e 20 de novembro, tendo atraído um número bastante grande de público. Isso mostra como o gaming está cada vez mais a “entranhar-se” na nossa sociedade, e não só no público mais jovem, mas também na geração que cresceu a ver este universo a ganhar cada vez mais dimensão, e onde chegou a existir aquele estigma – se é que ainda não existe – de “jogar é para as crianças”.
Nesse aspecto foi muito bom ver cada vez mais público da minha geração a aderir ao evento, a entusiasmar-se pelas máquinas arcade que tanto fizeram as delícias nos salões de jogos (por esse motivo, o nome do nosso site), mas também por tecnologias mais recentes como o VR.
Infelizmente, a pandemia trouxe grandes problemas para a indústria dos videojogos. As grandes marcas apostam cada vez mais no online, deixando os eventos presenciais de lado, temos visto marcas como a PlayStation, Nintendo e Xbox a começarem a largar os eventos presenciais, e em vez disso a trazer eventos totalmente digitais, onde os trailers de cinemáticas reinam, e a experimentação pelo jogador começa cada vez mais a desaparecer. Saudades que eu tenho das versões de demonstração que antigamente todos os jogos tinham.
No caso do Lisboa Games Week o caso não foi diferente, embora a Nintendo tenha trazido um stand bem grande, com os seus últimos lançamentos prontos para os jogadores testarem. Já a Xbox compareceu mas apenas para os fãs do PC Gaming, já que tinha um stand com meia dúzia de máquinas para os jogadores testarem o PC Game Pass, mas nada de novidades ou futuros lançamentos. Depois a PlayStation que habitualmente tinha um stand gigante que ocupava quase um terço de um pavilhão, este ano não esteve presente no evento.
Dito isto, o Lisboa Games Week este ano passou de dois pavilhões, como era habitual, para apenas um, e para mim isso foi um dos problemas do evento. Menos conteúdo, e tentar colocar tudo num só pavilhão torna-se um pouco caótico, já que muitas vezes os corredores ficam impossíveis de andar, com tanta gente a querer passar para um lado e para o outro. Passando para o lado do público em geral, existe aqui outro problema, principalmente num momento em que o mercado económico está completamente louco, os bilhetes desta edição foram os mais caros de sempre, e tivemos a edição mais pequena e com menos conteúdo de sempre, o que não faz grande sentido, e deve ser algo pensado pela organização.
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Digo isto, porque o Lisboa Games Week não deve ser só um evento visto para ter lucro, e obviamente que deve ter, mas deve ser visto também como educativo, como algo importante para o nosso país, em que existe ainda grande parte da população com uma mentalidade retrógrada, e por isso mesmo, deve chegar a um maior número de pessoas, e isso implica também um menor custo para os consumidores em geral.
Ao entrarmos no evento, tínhamos uma bom stand da Nintendo logo na entrada, que trouxe alguns dos últimos lançamentos da consola, como o Nintendo Switch Sports, Mario Strikers: Battle League Football, e a já conhecida mesa oval onde os jogadores podem desfrutar do novíssimo Splatoon 3.
Como já tinha dito a Xbox esteve presente, com um stand mais modesto, e virado para o PC Gaming, já que este era relativo ao PC Game Pass, e alguns dos jogos disponíveis no serviço para serem jogados.
A Nacon foi outra das companhias que trouxe algumas das suas novidades, com WRC, Session: Skate Sim, Mortal Kombat 11, entre outros jogos que podiam ser jogados no evento.
A Saber Interactive Porto, estúdio de desenvolvimento Português também esteve presente, onde trouxe o seu novíssimo Dakar Desert Rally. Além de experimentar o jogo, os jogadores tinham a possibilidade de falar com diversas pessoas do estúdio, e jogá-lo de uma maneira única, num stand de simulação, com ecrã panorâmico, pedais, volante, uma experiência incrível.
Os stands de simulação automóvel também estavam presentes noutros locais do evento, e notava-se que eram das propostas mais atractivas, sempre com muita procura. Já as máquinas arcade e o retro gaming também são sempre algo de foco dos jogadores, quer pela nostalgia que oferecem aos mais velhos, como também a curiosidade que provoca nos mais novos, neste campo os stands da Arcade Lovers e do Load ZX Spectrum eram bastante procurados.
A Riot Games também esteve presente, assim como a HP com o seu espaço VR Experience, e neste último caso, o VR era a proposta da marca, com diversos participantes interessantes na sua experimentação.
Como sempre acontece, o Espaço Cosplay também estava presente, e com diversos participantes a aderirem ao Cosplay, algo que cada vez começa a ser mais frequente ver-se em Portugal. Existem sempre aqueles Cosplay mais simples, mas existiam participantes com fatos verdadeiramente incríveis.
O espaço dos jogos independentes também estava presente, infelizmente não com o devido destaque, já que tudo era altamente simples, podendo os jogadores terem a possibilidade de experimentar alguns destes jogos, e até falar com os developers dos mesmos. Algumas das universidades também estiveram presentes no evento, como por exemplo o Instituto Superior Técnico, Lusófona, entre outras.
Depois temos sempre aquele espaço das lojas, tanto grandes como pequenas, e este ano, por tudo ser num único pavilhão, este espaço ocupava uma área bastante grande da feira. E podíamos encontrar de tudo, tanto material gaming, como material mais virado para o anime, com t-shirts, action figures, chapéus, entre outras coisas.
A parte dos eSports não podia deixar de estar presente, e ocupava uma parte bastante razoável do final do pavilhão, onde ocorreram diversos torneios, Rocket League, Valorant, FIFA, Fortnite, etc.
Na parte mais educativa, existiram espaços como o Palco LGW e Espaço Família, a parte como já referi dos jogos independentes, com alguns dos jogos presentes no PlayStation Talents presentes e por fim as Salas de Serviço de Educação. Para mim, qualquer um destes espaços deveria ter muito mais atenção, e estar num lugar de muito maior destaque, já que são estes espaços que fazem a indústria melhorar.
Infelizmente este Lisboa Games Week não mostrou grandes novidades no que toca à indústria, o que é uma pena, é sempre bastante mais atractivo sabermos que podemos encontrar novidades num espaço destes, algo que aconteceu noutros anos com um ou outro jogo. Algo que também não posso deixar de indicar é a falta clara de referências internacionais, developers e outros estúdios que certamente poderiam e deveriam estar presentes.
Foi uma edição do Lisboa Games Week que ficou um pouco aquém do esperado, mas que devido a ser a primeira depois da pandemia provavelmente ainda está a voltar à normalidade como toda a sociedade. Certamente para o ano, com as diversas críticas positivas quer dos visitantes, como dos meios de comunicação social, conseguirão trazer uma feira maior, com muito mais participantes de relevo. Até porque, como referi anteriormente, é extremamente importante termos uma feira de videojogos relevante e interessante no contexto do nosso país.
Podem ouvir outras ideias e impressões no nosso podcast, 4bits de conversa: