Um juiz canadense aprovou uma ação movida por pais de Quebec que alegam que seus filhos se tornaram viciados no popular videogame online Fortnite.

O juiz Sylvain Lussier emitiu a decisão na quarta-feira depois de ouvir argumentos em julho sobre o pedido de ação coletiva de três pais que descreveram como seus filhos apresentaram sintomas de dependência severa depois de jogar o jogo.

“O tribunal conclui que há uma questão séria a ser discutida, amparada em alegações suficientes e específicas quanto à existência de riscos ou mesmo perigos decorrentes do uso do Fortnite”, decidiu o juiz, observando que a ação “não parece leviana. ou manifestamente infundado”.

Os pais alegaram que seus filhos ficavam tão absortos no jogo que desistiam de dormir, comer e tomar banho.

Eles também alegaram que o Fortnite foi deliberadamente tornado altamente viciante e teve um efeito duradouro em seus filhos.

O juiz, no entanto, recusou-se a reconhecer isso. “O tribunal considera que não há evidências para essas alegações da criação deliberada de um jogo viciante. Isso não exclui a possibilidade de que o jogo seja de fato viciante e que seu criador e distribuidor o conheçam.”

Um dos pais alegou no processo que seu filho jogou o jogo 6.923 vezes e ficou com raiva quando seus pais tentaram limitar seu tempo de jogo, inclusive bloqueando o computador.

Todos os pais alegaram que seus filhos tiveram problemas de comportamento depois de passar o tempo jogando Fortnite.

A ação dos pais de Quebec é contra a Epic Games, fabricante do videogame online, e sua subsidiária canadense.

A Epic Games disse que não há evidências suficientes de que a dependência de videogame não seja uma condição reconhecida em Quebec e acrescentou que a Associação Psiquiátrica Americana disse que não havia evidências suficientes para classificá-la como um transtorno mental único.

“O fato de os psiquiatras americanos terem solicitado mais pesquisas ou de esse diagnóstico ainda não ter sido oficialmente reconhecido em Quebec não torna as alegações em questão ‘frívolas’ ou ‘infundadas’”, disse o juiz.