Marisol Escobar: escultora da Pop Art vive retomada através do Minecraft e de NFT – Hypeness

A artista estadunidense de origem venezuelana Marisol Escobar era uma personagem de destaque no contexto da Pop Art durante os anos 1950 e 1960: suas esculturas, feitas em madeira e retratando pessoas em tamanho real, misturavam colagens, tinta, papel e objetos  recolhidos, eram erigidas feitos fossem totens em geometria quadrada, e trouxeram sucesso para a artista especialmente na cena dos EUA da época. Passadas seis décadas de seu reconhecimento, o trabalho de Marisol, como era conhecida, encontrava-se quase completamente esquecido, mas recentemente passou a chamar atenção de novos artistas e a viver uma retomada –  surpreendentemente através do universo digital, da estética do Minecraft e de um NFT.

Marisol Escobar fotografada em seu ateliê no início dos anos 60, com uma escultura sua ao fundo

-Milhares de fotos de Andy Warhol nunca antes vistas serão divulgadas pela primeira vez

A fama de Marisol começou a se consolidar a partir de 1962, quando, após sua primeira exposição individual, seu trabalho virou notícia nas páginas da prestigiada revista LIFE. Sua amizade com Andy Warhol ajudou a amplificar seu reconhecimento no círculo artístico e entre a crítica da época: a artista, que chegou a esculpir o amigo e papa da Pop Art, aparece nos filmes “Kiss”, de 1963, e “13 Most Beautiful Girls”, de 1964, ambos dirigidos por Warhol. Marisol definia suas esculturas como “retratos tridimensionais”, e buscava matéria-prima em tudo ao seu redor, encontrando inspiração em “fotografias ou recolhidas em memórias pessoais” – seu trabalho foi visto como uma sarcástica crítica à vida moderna, debochando de estereótipos e padrões de vida burgueses.

A artista de origem venezuelana foi um dos grandes nomes da Pop Art à época

“Women and Dog” (Mulheres e cachorro, em tradução livre), de 1964

-Hilma af Klint, a pioneira da arte abstrata que previu a estética do futuro com seus quadros

As noções de “feminino” e “feminilidade” também eram tema constante de suas obras, que mimetizavam personagens e sentimentalidades rígidas para uma afirmação crítica – como na obra “Women with Dog”, na qual as mulheres aparecem com os corpos definidos, duros e retangulares, mas os rostos surgem “em movimento”, representados como se acompanhassem algo de passagem, ou pudessem observar todo o ao redor simultaneamente. A singularidade radical de seu trabalho, porém, parece ter feito com que, apesar de eventuais reconhecimentos, prêmios e exposições ao longo das décadas, com o passar dos anos Mirasol fosse esquecida pelos historiadores, críticos e movimentos como uma das mais interessantes personagens e artistas da Pop Art e da arte dos EUA em geral nos anos 1960.

Marisol Escobar ao lado de seu amigo Andy Warhol, em Nova York no início da década de 60 

“The Family” (A família), escultura de 1962

A artista ao lado de sua escultura “The Kennedy Family” (A família Kennedy), em 1964

-Livro de receitas ilustrado por Andy Warhol foi lançado em 1959 como paródia da alta gastronomia

Além dos temas, o estilo e a estética das peças criadas por Marisol eram também definitivamente radicais para a época: em um caso quase em que se torna literal apontar uma obra como “à frente de seu tempo”, é justamente o traço geométrico, cubista, angular e duro de suas esculturas que vem movimento uma retomada e um novo reconhecimento da obra da artista. Suas esculturas se assemelham, por exemplo, com os avatares de um jogo como Minecraft, e um tipo de Token Não Fungível, ou NFT, intitulado Meebits e influenciado por sua obra, parece posicionar a artista, que faleceu em 2016, aos 85 anos, no mundo digital – apontada como “arte popular do futuro”, o trabalho de Marisol foi precursor da estética voxel que desenha tantos personagens, cenários e ilustrações no mundo atual.

Exemplos de Meebits, NFTs influenciados pela estética criada por Mirasol

“The Party” (A festa), escultura assinada por Mirasol em 1965

O trabalho de Mirasol Escobar vem sendo redescoberto nos últimos anos

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